“Não somos vítimas dos nossos genes, somos autores da nossa experiência.”

Bruce H. Lipton

Vivemos durante décadas com a ideia de que o nosso ADN é o guião determinista da nossa existência. Uma herança fixa, imutável, que dita quem somos e como vamos viver. Em A Biologia da Crença, Bruce H. Lipton, biólogo celular e investigador, propõe uma visão profundamente libertadora, ensinando que não são os genes que controlam a nossa vida, mas sim a forma como os interpretamos e o ambiente em que nos movemos. Ou seja, não estamos tão condicionados como imaginámos.

Este livro, publicado pela primeira vez em 2005, é um marco no diálogo entre ciência e consciência. Ao introduzir a epigenética de forma acessível, Lipton mostra que os genes são como interruptores que podem ser ativados ou desativados conforme os estímulos recebidos, sejam eles físicos, emocionais, mentais.

O que é, afinal, a epigenética? É a ciência que estuda como os fatores externos ao DNA influenciam a expressão genética. Isto significa que os nossos pensamentos, emoções, hábitos e até AS crenças mais profundas podem regular o modo como os nossos genes se comportam. Ou seja, mesmo que herdemos uma predisposição genética para determinada condição, é o ambiente interno e externo que dita se esse gene será ou não ativado, o que nos devolve o controlo sobre a nossa vida.

Lipton baseia-se nas suas próprias experiências laboratoriais com células estaminais para demonstrar que as células reagem diretamente ao ambiente e que, portanto, o “destino biológico” pode ser influenciado por fatores que estão ao nosso alcance transformar.

Talvez o ponto mais transformador do livro seja o foco nas crenças como agentes biológicos. Bruce Lipton explica que grande parte das nossas crenças opera no subconsciente, programadas na infância ou herdadas do nosso sistema familiar. Estas crenças moldam a nossa perceção da realidade. E, como já vimos, a perceção regula a expressão genética. O ciclo fecha-se quando percebemos que aquilo que acreditamos sobre nós, sobre o mundo, sobre o amor, o sucesso ou o merecimento, exerce um poder real sobre o nosso corpo.

Um dos contributos mais relevantes deste livro para a abordagem sistémica é a explicação científica da transmissão intergeracional de traumas.
Lipton mostra que experiências emocionais intensas vividas por pais, avós e bisavós podem deixar marcas epigenéticas nos seus descendentes, o que significa que podemos carregar medos, ansiedades ou padrões de comportamento que não nasceram connosco, mas que nos foram passados através de mecanismos subtis e invisíveis.

Esta visão ressoa profundamente com o trabalho terapêutico que realizamos no Affectum que procura sempre trazer à luz essas heranças invisíveis, compreendê-las e libertá-las com consciência e compaixão.

Mais do que um livro de biologia, A Biologia da Crença é um convite ao despertar.
Lipton desafia-nos a questionar:

– Que crenças me habitam, e de onde vêm?

– O que estou a perpetuar que não é verdadeiramente meu?

– Como posso reescrever a minha história, não só emocionalmente, mas também a nível celular?

Ao integrar ciência, espiritualidade e desenvolvimento pessoal, Lipton oferece-nos ferramentas práticas para uma nova visão da saúde, cura e evolução humana. Se estás no caminho de autoconhecimento e desejas compreender como o corpo, a mente e a linhagem familiar se entrelaçam, este livro é uma leitura essencial.