“O que é o Natal? É a ternura do passado, o valor do presente e a esperança do futuro.”

Agnes M. Pharo

Bem-vindos sejam ao Natal todos os que adoram as surpresas do universo! Mais do que uma celebração religiosa ou cultural, o Natal é uma tempestade de luzes e de amor num tempo carregado de significados profundos que reverberam no âmbito individual, familiar e coletivo.

Quando olhamos o Natal através de lentes sistémicas, conseguimos sentir a força dos que vieram antes à mesa na consoada, e descobrimos camadas de simbolismo e conexão que vão além das tradições imediatas, pois tocam as raízes da nossa história familiar e coletiva, conectando-nos com os nossos ancestrais e as suas tradições. O que essas lentes nos revelam, é que o ordinário da vida é, na verdade, o extraordinário, e que até um jantar pode tocar o divino “de uma sabedoria mais antiga”. Basta querer.

Bert Hellinger, criador das Constelações Sistêmicas, revelou que os sistemas familiares têm uma memória coletiva que perpetua as dinâmicas e os padrões herdados de geração em geração. O Natal, como ritual que celebra o nascimento, é um lugar de encontro e de convergência, onde memórias, emoções e lealdades ocultas emergem. O mundo salva-se assim, com pequenos gestos e com olhares que resgatam essas dinâmicas, tanto nos momentos de alegria quanto nos momentos de tensão e de conflito que surgem, muitas vezes, ao redor da mesa de Natal. Porque olhar o invisível pode salvar o mundo!

Carl Gustav Jung, na sua teoria sobre os arquétipos, oferece uma perspetiva rica para entendermos o Natal. Para Jung, o arquétipo do renascimento, representado no nascimento de Jesus Cristo, traduz a necessidade humana de renovação e esperança. O Natal simboliza a oportunidade de nos reconectarmos com o Self, ou seja, aquele núcleo essencial que transcende o ego e encontra sentido nas relações e nos valores espirituais.

A árvore de Natal, iluminada e adornada, pode ser vista como uma representação simbólica da Árvore da Vida, evocando a conexão entre o mundo físico e o mundo espiritual. Os presentes trocados não são apenas objetos materiais, mas podem ser também, gestos que carregam a memória da gratidão e do reconhecimento.

O Natal convida-nos a honrar os que vieram antes de nós. É um momento de lembrar e sentir os nossos antepassados – pais, avós, bisavós – e reconhecer o legado que eles nos deixaram. Reconhecer que pertencemos a uma longa cadeia de histórias e que o fluxo da vida continua a partir de nós. É também por isso, um convite à criação de novas memórias.

O Natal é tempo de perguntar: Como podemos hoje plantar sementes de amor, compreensão e gratidão para as futuras gerações?

Que neste Natal possamos não apenas trocar presentes, mas também vivenciar presenças. Que possamos honrar as nossas raízes, cultivar o amor no presente e vislumbrar um futuro com esperança, harmonia e prosperidade.

Feliz Natal Sistémico!