“Quem tem um porquê enfrenta quase qualquer como.”

Nietzsche

Há momentos na vida em que sentimos ser insuficiente a mera compreensão das causas dos nossos problemas. Queremos ir além, perceber o que a alma nos quer dizer através deles. A dor, o vazio, a inquietação ou o cansaço interior passam a ser vistos como oportunidades e verdadeiros chamados à transformação. E é aqui que a terapia transpessoal se revela um caminho para quem deseja agarrar essa oportunidade e reencontrar o sentido, integrar as várias dimensões do ser e se abrir à experiência do sagrado que habita em cada um de nós.

A psicologia transpessoal nasceu na década de 1960, como uma expansão das abordagens humanistas de Abraham Maslow e Carl Rogers. Maslow, ao estudar o potencial humano, reconheceu que a autorrealização é apenas o início do despertar espiritual, afastando a ilusão de ser o fim do caminho, e defendia que “o homem é capaz de uma experiência que o eleva acima de si mesmo, que o faz transcender a sua própria natureza.”

Inspirado por essa visão, Stanislav Grof, outro pioneiro da psicologia transpessoal, aprofundou o estudo dos estados ampliados de consciência e demonstrou que estes podem ser caminhos de cura e integração. Para Grof, “a psique humana é muito mais vasta do que o modelo biográfico e individual. Ela contém dimensões coletivas e espirituais da existência”.

A terapia transpessoal atua precisamente nessa amplitude de corpo, mente, emoções e espírito como partes de um todo. Técnicas de respiração, meditação, regressão consciente, imaginação ativa e trabalho com sonhos são algumas das formas de aceder a esses níveis mais profundos, sempre com a intenção de integrar, nunca de fugir da realidade.

Carl Jung, cuja obra inspira grande parte da abordagem transpessoal, falava do processo de individuação como o caminho para nos tornarmos quem realmente somos. Ele lembrava que “quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.” Esse despertar interior é o coração da terapia transpessoal. A cada passo, aprendemos a reconhecer os padrões que nos limitam, a escutar as mensagens do inconsciente e a abrir espaço para o que é maior, aquilo que Jung chamava de Si-mesmo, o centro organizador e espiritual da psique.

No Affectum, a terapia transpessoal é vivida como uma ponte entre o humano e o espiritual, entre o visível e o invisível. É um caminho para quem sente o desejo de reencontrar autenticidade, propósito e sentido, num tempo em que tudo parece fragmentado. Através deste olhar compreendemos que da cura resulta a integração consciente de todas as partes do ser (as feridas, os dons, os medos e as potencialidades), afastando-se a ideia redutora de ser apenas ausência de dor.

Como dizia Nietzsche, “quem tem um porquê enfrenta quase qualquer como”, sendo a terapia transpessoal um caminho para descobrir esse “porquê” e “para quê”. A centelha interior que dá direção, coragem e serenidade à caminhada. É uma jornada de reconexão com o essencial, com aquilo que somos, para além das máscaras, das histórias e dos limites do ego.

E quando voltamos a esse lugar, percebemos que não há separação entre o humano e o divino, entre a vida e o espírito. Há apenas um fluxo que nos convida, silenciosamente, a viver com mais consciência, amor e presença.