“Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”
Simone de Beauvoir
A liberdade é seguramente um dos conceitos mais profundos e complexos da existência humana, tendo sido discutida ao longo dos séculos por várias vertentes filosóficas, políticas e sociais, e é vista como a base para a realização plena do indivíduo. A liberdade vai muito além da ausência de restrições externas, traduzindo-se essencialmente na capacidade de autodeterminação, de definir e de escolher o próprio caminho. É neste contexto que a célebre frase de Simone de Beauvoir ressurge com grande força: “Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”
Simone de Beauvoir, uma das filósofas mais importantes do século XX, entendia a liberdade como uma necessidade fundamental da existência humana, um exercício contínuo e interno em que o ser humano precisa de questionar constantemente as suas próprias limitações, as imposições da sociedade e as construções pré-estabelecidas. A frase de Beauvoir é um convite a uma reflexão profunda para tomarmos consciência do tanto que aceitamos definições externas que nos limitam, sejam elas baseadas em normas sociais, expectativas familiares, culturais ou preconceitos históricos. Quando permitimos que esses elementos definam quem somos, estamos a abrir mão da nossa liberdade de ser e de criar a nossa própria identidade. A liberdade surge, assim, como uma construção interna que vai além das circunstâncias externas, sendo a força vital que define quem somos, e não o contrário.
A liberdade é, acima de tudo, um processo de autodefinição, na medida em que implica a permanente capacidade de questionar o que é imposto, seja pela sociedade, pela família, ou até por nós mesmos. Para sermos livres, importa ter coragem de olhar para as nossas crenças, os nossos desejos e os nossos limites e perguntar: “Esta é a minha escolha? Ou estou apenas a repetir um padrão que me foi imposto?”
Ao falar da liberdade como a nossa própria substância, Beauvoir desafia-nos a assumir a responsabilidade de nos definirmos por nós mesmos, não apenas em função do passado, das nossas circunstâncias ou expectativas de outros. Somos muito mais do que isso. A liberdade vive na capacidade de escolher como viver, como responder aos desafios que surgem e como nos relacionar com o mundo.
No mundo contemporâneo, a liberdade é frequentemente associada à ausência de opressão e à liberdade de expressão, direitos que são essenciais para a construção de sociedades mais justas e igualitárias. No entanto, a verdadeira liberdade também exige uma luta interna constante contra os nossos próprios medos, inseguranças e preconceitos, manifestando-se quando conseguimos olhar para dentro de nós mesmos e transcender as limitações impostas, aquelas que nos impedem de sermos quem realmente somos. Esse processo de superação das limitações é muitas vezes doloroso, pois exige que nos libertemos de ideias preconcebidas e de concepções rígidas sobre o que é certo ou errado, convocando muita coragem para quebrar padrões e abrir mão de uma identidade preexistente que, muitas vezes, já não nos representa. É neste caminho que a liberdade se torna um exercício diário de autoconhecimento e de transformação.
Assumir a liberdade implica a grande responsabilidade de agir de acordo com a autonomia e o entendimento do que é justo e verdadeiro para cada um. Quando nos permitimos ser livres, estamos a assumir a responsabilidade de criar um caminho que seja autêntico, sem submissão a expectativas alheias ou a pressões externas. Beauvoir lembra-nos da importância de não sermos definidos pelos outros, nem sujeitos a condições ou normas que limitam a nossa expressão mais profunda, porque ser livre é um desafio constante para viver de forma autêntica e para lutar por aquilo que acreditamos ser o nosso verdadeiro propósito.
Na celebração do dia 25 de abril e de tudo o que ele representa para nós e para a história de Portugal, queremos sublinhar esta Liberdade como a substância que define quem e como somos, a força interna que nos permite escolher o nosso caminho e criar uma vida que seja verdadeiramente nossa, afastando tudo o que soa a opressão externa.
Bem hajas, Liberdade!
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