Durante anos, lá fora, tentei evitar conflitos.
Hoje, no Affectum, ajudo a transformá-los.
Durante muitos anos exerci a advocacia com foco na prevenção dos conflitos. A minha missão era clara, antecipar riscos, construir soluções jurídicas sólidas e evitar que os problemas chegassem aos tribunais. Trabalhei maioritariamente com sistemas familiares e organizacionais, sempre com uma visão prática e orientada para resultados extrajudiciais, o que nem sempre se afigurava possível.
E, durante muito tempo, acreditei que isso seria bastante, se persistisse, se os contratos estivessem bem feitos, se as relações fossem bem reguladas, se conseguisse antecipar alguns cenários e formalizar soluções (aparentemente) pacíficas.
Mas a realidade insistia em mostrar-me outra coisa. Mesmo com todo o cuidado jurídico, os conflitos surgiam e perpetuavam-se no tempo. Mesmo com todos os cenários, avisos e cláusulas, as relações quebravam. Mesmo com o melhor planeamento, algo invisível continuava a sabotar os processos, transversalmente.
Foi aí que questionei, que coloquei a profissão em perspetiva. O que é que não estávamos a ver? Porque é que certos padrões se repetem, mesmo com apoio jurídico? Porque é que algumas empresas prosperam e outras, com igual estrutura, implodem? Porque é que certas famílias vivem presas em disputas que não são apenas sobre terra, poder e dinheiro? Porque é que um casal que se divorcia precisa arrastar-se em disputas sem fim?
Estas perguntas trouxeram-me um novo caminho, um novo olhar e uma perspetiva sistémicasobre as relações. Através das constelações sistémicas (familiares, organizacionais e jurídicas), das dinâmicas transgeracionais aportadas pela psicogenealogia, dos vínculos invisíveis que influenciam comportamentos, decisões e estruturas, percebi que, muitas vezes, o que parece ser um problema jurídico é, na verdade, uma dor emocional, uma lealdade inconsciente, um lugar mal ocupado no sistema.
Foi aí que a minha prática mudou. Deixei de trabalhar só com o que é visível, e comecei a escutar também o que está para lá do aparente. Deixei de ver apenas pessoas, contratos e processos, e comecei a ver sistemas, histórias e padrões.
A advocacia sistémica tornou-se a minha nova linguagem e a forma possível de atuar no campo jurídico. Hoje, mais do que resolver questões jurídicas, acompanho processos de tomada de consciência, de reorganização de estruturas, de libertação de recursos que estavam presos em dinâmicas antigas e inadequadas.
Gosto de sentir que hoje, finalmente, sou verdadeiramente advogada, pois acompanho pessoas como facilitadora de clareza e consciência com vista à pacificação dos sistemas.
A mudança foi minha, mas a transformação é de todos os que me procuram.
Porque quando olhamos para a raiz, o conflito passa a ser um convite à transformação e à cura. E as soluções que fazem bem ao coração acontecem.
Como dizia Bert Hellinger, “Quando nos sentimos realmente bem-sucedidos? Quando aquilo que empreendemos serve à Vida”. Por isso, para quem quer trazer consciência e paz aos seus conflitos, aqui estou, “ao serviço”, neste lugar onde a justiça fala também de amor e de coragem. No Affectum!
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