“Somos aquilo que sentimos e percebemos. Se estamos zangados, somos a raiva. Se estamos apaixonados, somos o amor. Se contemplamos um pico nevado, somos a montanha. Ao assistir a um programa de televisão de baixa qualidade, somos o programa de televisão. Enquanto sonhamos, somos o sonho. Podemos ser qualquer coisa que quisermos, mesmo sem uma varinha mágica.” Thich Nhat Hanh
A vida é cíclica, tal como nós. Temos dias, porque somos emoções, mais do que tudo. Somos uma imensidão de histórias que começam e que acabam. Somos noite e dia, tristeza e alegria, somos vida e morte. Somos ir e vir numa dança constante de aventura e desventura do ser. Somos o tempo e uma página em branco que se abre cada vez que escolhemos recomeçar. Pode ser numa manhã qualquer, na noite escura ou quando o sol se põe. Pode ser verão ou inverno, um aniversário, lua nova, ou até início de ano novo, não importa, desde que o recomeçar acredite nos sonhos, na verdade, na poesia, no invisível e no amor. Se acreditar, “porque estás vivo, tudo é possível”!
Recomeçar é um convite à transformação que queremos, por vezes tememos, e ao encontro do melhor que temos em nós. Aquilo que somos, de verdade, na singularidade que carregamos na essência e no corpo nesta missão que transcende o tempo a que chamamos vida.
Ao recomeçar, podemos fazer mais do que sonhar. Podemos traçar um caminho para o encontro com o propósito da alma, assumindo um compromisso sagrado para tudo o que quer ser e ainda não é. O de viver cada vez mais em harmonia com a verdade interior, seguindo os batimentos do coração. Cada escolha é uma oportunidade de escrever a história de acordo com a verdade, com quem somos e com a herança que carregamos em nós. Para tanto, podemos traçar um plano de realizações, uma lista de objetivos e prioridades, podemos escrever metas e prazos, na esperança do compromisso que toda a palavra encerra. Ou talvez não. Planear é importante, sim, mas dar espaço ao imprevisto e aos planos que a vida sempre nos reserva parece ser a maior revelação deste novo mundo que nos convoca para a grande revolução do ser, que é sentir! Talvez porque, por fim, o mundo nos pede algo diferente: que sejamos o brilho nos olhos de alguém.
Eu vejo-te. É assim que em algumas tribos africanas e no povo nativo Na´Vi, de Pandora, no filme Avatar, se define toda a existência do ser. Eu vejo-te, com tudo o que te compõe, luz e sombra, medos e vulnerabilidades, tristeza, desencanto, com todo o cansaço e desencontro emocional. Eu vejo-te é ir além do visível que os olhos mostram, é mergulhar amorosamente na imensidão e no mistério do outro. Eu vejo-te é colo, é conexão, é aceitação ao nível da alma e da divindade que reconhecemos no olhar do outro. Eu vejo-te, um encontro só possível quando nos vemos a nós próprios. Quando nos sentimos e, assim, só assim, sentimos o outro.
É este o grande milagre da vida na terra. Ser para poder encontrar quem é também. Como diz Thich Nhat Hanh, “As pessoas geralmente consideram caminhar na água ou no ar um milagre. Mas penso que o verdadeiro milagre não é andar nem na água nem no ar, mas na Terra. Todos os dias estamos envolvidos num milagre que nem sequer reconhecemos: um céu azul, nuvens brancas, folhas verdes, os olhos negros e curiosos de uma criança – os nossos próprios olhos. Tudo é um milagre.”
Recomeçar com ou sem plano e lista de realizações poderá ser o menos importante, pois toda a mudança só depende de ti e da resposta à pergunta: o que desejas profundamente? E é aqui, para além de tudo o que a cabeça te disser e daquele post it colado no frigorífico, que percebes na pele o tanto que os recomeços são revelados pelo corpo. Só pelo corpo. Por tudo o que ele te diz. O corpo é um templo, é nele que a vida acontece. O corpo é a verdadeira casa, o tesouro que guarda todas as respostas do (teu) universo. Acredita, podes por no papel e seguir mentalmente os passos que projetaste para fazer acontecer, mas é o teu corpo que te dirá se estás perto ou se ainda estás longe, se é hora de insistir, de persistir ou de descansar, se é para seguir ou para voltar. Sente-te e serás a mudança que desejas.
Vamos ser! Vamos encontrar quem seja!
É este o convite que o novo nos faz, a ti e a nós. Vamos ser e olhar com amor e coragem quem verdadeiramente somos. Hemingway dizia que o amor dura infinitamente mais do que o ódio. Que assim seja. Calcular, planear e projetar esta equação em trezentos e sessenta e seis dias pode não ser fácil. Tão pouco necessário. O amor não é bom com números nem com promessas.
O amor rima com Eu vejo-te.
Vais ouvir.
Vais dizer.
E assim tudo pode acontecer!
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