“A doença é um grito da alma que nos chama para a vida” Vera Boeing
Nas faculdades de medicina aprende-se a doença como um inimigo a ser vencido, sendo assim numa batalha que se devolve a saúde ao doente. Uma espécie de solução em que o poder da cura resulta estar mais no médico do que no doente, típica da filosofia médica ensinada em todas as escolas no mundo ocidental, mas que se vai mostrando cada vez mais incompleta, ineficaz e incoerente. O lado técnico olha para as doenças, mas é o lado humano do médico que foca o doente.
Estudos recentes referem um elevado grau de importância no desenvolvimento e evolução da doença na forma como cada pessoa se relaciona consigo mesma, com o outro e com o mundo ao seu redor. Acredita-se hoje que a doença tem uma função essencial na vida do doente, pois surge da sua vida doentia como uma chamada de atenção, um sinal de que algo não está bem dentro de si. Como diz Vera Boeing, “a doença é um grito da alma que chama para a vida”! Daí que tentar curar a doença sem que a mudança ao nível da vida do doente aconteça é dar lugar a muitos fracassos: melhoras fugazes, recidivas, cronificação, etc.
Neste mundo em crescente mudança, a saúde sistémica encara o doente como parte ativa e responsável pelo seu tratamento, sendo possível fazer uma união do trabalho médico de fora para dentro com as mudanças necessárias de dentro para fora do doente. O poder de cura está dentro de cada um de nós e é possível acessá-lo e desbloqueá-lo para que o tratamento seja efetivo e duradouro.
O grande desafio é levar aos doentes, às famílias, aos profissionais da saúde e a todos os que anseiam a uma vida mais saudável, uma nova filosofia médica da saúde que integre os vários elementos e sistemas que compõem o seu humano. A resposta é-nos dada pela saúde sistêmica e pela psicossomática, áreas da medicina e psicologia que abordam a saúde de forma integrada, considerando as interações entre o corpo, a mente e o ambiente em que se vive. Enquanto a saúde sistêmica enfoca a saúde em termos de sistemas biológicos e fisiológicos, a saúde psicossomática concentra-se na conexão entre a mente e o corpo.
É esta a proposta que faz a saúde sistémica: que sejamos capazes de olhar para além do sintoma e da doença de forma a chegar à raiz do problema. Porque é aqui, nessa raiz, que a cura pode acontecer.
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