Por: Dr Fernando de Freitas
Você sabe o que é Constelação Sistêmica? Explicarei o que é e o que não é Constelação Sistêmica.
Existe uma grande diferença entre fazer constelação e ser um constelador. Podemos fazer uma analogia com uma cirurgia, onde comparamos o instrumental cirúrgico com a constelação e o cirurgião é aquele que usa todo o instrumental para realizar a cirurgia, assim como o constelador utiliza da ferramenta da constelação.
Constelação Sistêmica é uma ferramenta de trabalho extremamente importante e muito poderosa, se utilizada por um bom profissional. Nas mãos de um leigo, com certeza será mal utilizada e não trará resultados. Portanto, a constelação é a ferramenta e o constelador é aquele que sabe utilizar a constelação.
Agora vamos falar das origens da Constelação Sistêmica. Ela possui várias bases, por exemplo, a Virgínia Satir, da Escultura Familiar, o Jacob Moreno, do Psicodrama, o Gregory Bateson, que trouxe a importância da família dentro das doenças e dinâmicas que as pessoas carregam. Antigamente essa questão era vista como algo individual, mas o Bateson trouxe essa visão das dinâmicas familiares que ocorrem e montam aquilo que nós somos, por meio dos modelos que trazemos e que nos ajudam a nos moldar para o mundo aqui fora. É como um download que baixamos e nos dá informações de quem somos, de como vemos a vida e dos nossos referenciais de casamento, amor, dinheiro, trabalho, etc.
E a partir disso entendemos a importância da família. Se você vem de uma família que está estruturada, organizada e harmônica é uma coisa, agora se você vem de uma família caótica, com muitos problemas e conflitos, isso deixará marcas profundas em todos os membros da família.
E aí surge Bert Hellinger, que traz, dentro dessa dinâmica sistêmica, a Constelação Sistêmica Familiar, como uma ferramenta que nos ajuda muito a fazer diagnóstico e tratamento dos problemas sistêmicos. A base da Constelação são as leis sistêmicas, que são três:
Lei do Pertencimento – Significa que todos os membros da família têm o direito de pertencer, ninguém pode ser excluído do sistema;
Lei do Equilíbrio – É o equilíbrio entre o dar e receber, que pode ocorrer nos relacionamentos entre dois adultos e essas energias precisam estar equilibradas, ou na relação de pais e filhos, onde os pais sempre dão e os filhos sempre recebem. O equilíbrio entre pais e filhos ocorrerá quando os filhos tornarem-se pais e passarem a dar para seus filhos, portanto, a energia sempre seguirá esse fluxo.
Lei da Hierarquia – Essa lei diz que quem tem a maior força para conduzir e dar direcionamento para o sistema são os mais velhos, que possuem mais experiência. Os mais novos são a prioridade, são aqueles que precisam ser cuidados para que eles levem o amor e o conhecimento da família para frente. Então os mais antigos são os mais fortes, são os mais velhos e mais experientes. Os adultos devem seguir o modelo dos mais velhos, que com sua sabedoria devem conduzir a família para um mundo mais saudável.
Quando um sistema familiar é analisado, essas três leis darão um referencial muito importante para sabermos se o sistema está saudável ou doentio. Então o Hellinger, criou esse trabalho da Constelação Sistêmica Familiar e passou por várias fases, fazendo algumas alterações nesse trabalho. Primeiro ele começou com as Constelações Sistêmicas Familiares na forma original, depois foi para os Movimentos da Alma, passou pelos Movimentos do Espírito e depois surgiram as Novas Constelações, tendo como base a original.
Depois surgiram outros profissionais, excelentes consteladores, que trouxeram benefícios enormes para esse tipo de trabalho. Os três principais foram o Jakob Schneider, a Sieglinde Schneider, que criou o trabalho da Constelação Sistêmica Individual e Gunthard Weber, que começou esse trabalho da Constelação também no mundo organizacional. Eles deram uma contribuição importantíssima para o mundo das constelações, porque eles estruturaram um curso bem organizado, formatado, para levar o conhecimento desse trabalho para o mundo. Só como curiosidade, o primeiro curso de formação que existiu foi aqui no Brasil e esses três foram os meus professores, eu fiz parte desse primeiro grande grupo e depois, esse curso foi levado para o resto do mundo. Isso ajudou a elevar esse trabalho da Constelação Sistêmica, a fazer com que as pessoas compreendessem as dinâmicas da constelação e o seu grande poder. Tudo começou no mundo familiar e depois seguiu para outros sistemas, como as empresas, a justiça, a medicina, a psicoterapia, o direito, a pedagogia. Onde há sistemas e relacionamentos é possível levar esse tipo de trabalho.
Há também um casal, Matthias Varga e Insa Sparrer, que trouxeram contribuições para esse mundo, trazendo de forma mais estruturada, o que chamaram de Gramática da Constelação, para ajudar a ter uma visão melhor dos processos sistêmicos que ocorriam nas constelações.
Então as Constelações Sistêmicas também passaram por diferentes formas de prática, como por exemplo, esse último casal que citamos trabalhava de forma mais estruturada; Bert Hellinger utilizava dinâmicas mais fenomenológicas. Essa estruturação seria como mapear os processos, por exemplo: quem fica ao lado de quem, onde as dinâmicas ocorrem, o grau de importância dos posicionamentos, etc. Dessa forma, foi possível trabalhar na área organizacional e favoreceu, também, o trabalho das Constelações Individuais com Bonecos, que a Sieglinde Schneider começou a fazer. Portanto a constelação passou por muitas modificações e aprimoramentos e hoje, temos muitas vertentes de constelação.
Agora vou falar sobre o que eu fiz na Consciência Sistêmica. Eu peguei todos esses modelos, partindo da Constelação Sistêmica Familiar que é a grande origem e utilizei as dinâmicas dos Movimentos da Alma, dos Movimentos do Espírito e algumas dinâmicas das Novas Constelações, associadas à visão estruturada do trabalho, à dinâmica organizacional e à Constelação Individual. Com todo esse embasamento eu criei aquilo que eu chamo de Constelação Estruturada Estratégica, que na Consciência Sistêmica, tem raízes em todas essas dinâmicas.
A Constelação Sistêmica pode ser feita tanto em grupo, como de forma individual, onde utilizamos, ao invés de pessoas, elementos que representem essas pessoas. São duas formas de trabalho.
O cliente trará informações verbais e dinâmicas que ele tem consciência e, por meio da constelação, é possível ter acesso às informações não-verbais e informações que vêm do mundo do inconsciente. E é aí que estão os verdadeiros problemas. É como um iceberg, onde aquilo que aparece, que emerge, que o cliente vê e fala sobre, só existe porque há uma grande massa de gelo oculta, representadas pelas dinâmicas inconscientes e não-verbais. Portanto, se o profissional não souber trabalhar nesse universo, ele não encontrará os verdadeiros problemas e não conseguirá fazer tratamentos adequados para solucionar o problema do cliente.
O cliente, quando chega, sempre vai mostrar a máscara, aquilo que ele quer que você veja, e vai esconder as sombras, aquilo que ele não quer que você veja. Todos nós fazemos isso em algumas situações. Na constelação também funciona assim, há dinâmicas que o cliente quer mostrar e há aquelas que ele não quer mostrar, mas que aparecem no sistema em uma constelação.
Agora vamos falar sobre o que não é constelação. Constelação não é religião, não é espiritismo e não é teatro. Isso precisa ficar muito claro, apesar de algumas pessoas que fazem constelação misturarem esses elementos, nada disso é nem nunca foi constelação.
A constelação possui uma série de bases científicas e nessas bases você vai ver: Teoria Geral dos Sistemas, Neurociência, Dinâmicas de Neurônios Espelhos, Genética, Epigenética e Física Quântica, como por exemplo, existe uma dinâmica que chama Emaranhamento Quântico que é muito similar ao Emaranhamento Sistêmico. Há uma outra dinâmica na Física Quântica que diz que, dependendo do ponto de vista do observador, a experiência muda. Muitas vezes o cliente enxerga a vida dele por um ângulo, ele diz, por exemplo, que a vida dele é um círculo; o outro cliente pode olhar e falar que a vida dele é um triângulo; outro cliente ainda pode dizer que a vida dele é um quadrado. Cada cliente tem um ponto de vista e o constelador precisa ver todos os pontos de vista para ter noção do que é o todo. Essa é uma dinâmica muito comum dentro do trabalho de Constelação Sistêmica.
Quando pedimos para o cliente colocar essas informações, que estão na cabeça dele, em um campo, pedimos para que ele coloque elementos como: ele adulto, ele criança, os pais, o marido ou a esposa, os filhos, a sexualidade, futuro, passado e objetivos de vida. Ele posiciona da forma que ele sente essa história e o constelador analisará a história por meio das leis sistêmicas, podendo enxergar muitas coisas que estão fora do lugar, funções em desordem. Se o constelador faz um bom trabalho, tudo aquilo que for feito no campo age dentro do cliente, na essência dele .
Para fazer todo esse trabalho, é feita uma análise do campo que leva em consideração quatro tópicos fundamentais:
Posicionamento – A forma que o cliente posiciona os elementos diz muita coisa, dependendo como um está posicionado em relação ao outro.
Distância – O cliente pode colocar um elemento mais perto ou mais longe de outro.
Direcionamento – Para onde o cliente está direcionado, para o futuro, para o passado, para onde ele olha.
Significado – É a visão do cliente sobre diversas coisas, como por exemplo: O que é casamento para ele? O que é sexualidade? O que é função pai e mãe? Qual a diferença de amor entre um casal, dele com os filhos e dele com os pais? Qual a função da sexualidade na vida dele e qual seria a função saudável? O que é futuro e passado? Quais são os objetivos de vida?
A constelação passa uma quantidade enorme de informações, mas será que o constelador sabe ler a constelação? É preciso saber captar essas informações, dar o significado e fazer o diagnóstico. É importantíssimo que o constelador saiba o que são funções em ordem, leis dos sistemas, dinâmicas da constelação, para que realmente possa ajudar o seu cliente a identificar o verdadeiro problema e dar uma solução sistêmica.
Entendeu o que é Constelação Sistêmica? Se uma dia você precisar desse tipo de ajuda procure um bom profissional que ele te ajudará a enxergar muitas coisas que você carrega e nem percebe, e não só isso, ajudar você também a sair desse problema. Um grande abraço para você!
Fonte: O que é Constelação Sistêmica? | Fernando Freitas – Consciência Sistêmica (fernandofreitascs.com.br)
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