Esta entrevista é um autêntico tesouro em que o ator Matheus Nachtergale nos fala da transmutação da dor através da arte. O monólogo que levou ao palco há uns anos atrás foi criado a partir dos poemas da sua mãe que se suicidou com 22 anos, tinha ele três meses de vida.

Das suas palavras resulta muito claro o eterno paradoxo do trauma: no lugar da profunda dor, há também espaço para a beleza, sendo aqui, entre uma coisa e outra, que emerge a grande potência da vida.

As experiências traumáticas não são necessariamente sentenças de morte ou infelicidade sem fim.

Pelo contrário, quando integradas e trabalhadas interna e conscientemente, são o grande despertar da nossa força e coragem, de toda a potência que há em nós.

Matheus é um exemplo extraordinário de um ser humano maior que a sua própria dor, pois foi capaz de transformar magistralmente a dor que carrega internamente em amor ao ser o porta voz das palavras da sua mãe.

“Usar o meu corpo e a minha voz para celebrar o talento dessa pessoa para aproveitar que eu tenho 50% da mãe aqui nos cromossomas, para a fazer viver de alguma forma. Pela primeira evz na vida faço alguma coisa com ela. Estamos juntos no teatro! Estamos juntos!”

Uma inspiração!