“As pessoas chegam sempre na hora certa aos lugares onde são esperadas.”<br /> Paulo Coelho

Tudo começou com uma vontade enorme de acompanhar pessoas que se querem descobrir e transformar ao longo da vida. De as amparar nesse maravilhoso mundo do sentir, nem sempre fácil ou leve. Nesse sentir que é próprio dos que se permitem viver e fazer o seu caminho em verdade. Dos que caminham, apesar de, e para além de tudo. E de com eles, por eles, e através deles, crescermos e nos expandirmos também.

Nestes dois anos do Affectum, aprendemos que, tal como todos nós, também as emoções precisam de caminhar: quando chegam, entram no corpo, passeiam-se por lá, deambulam, paralisam, percorrem os órgãos para emitirem sinais, e depois saem. Ou não, que é quando cristalizam na dor e fazem adoecer. Para que isto não aconteça, é fundamental entender como funciona o circuito das emoções de cada um, percebendo o que permite deixar sair tudo o que sentimos. Para seguir, caminhando.

Sendo o movimento o grande motor da vida, desafiámo-nos a sentir no terreno a vida e as emoções a caminho, e numa experiência inaugural abrimos portas n´O Caminho de Santiago para encontros com quem se sentisse esperado em algum lugar, pois acreditamos que “as pessoas chegam sempre na hora certa aos lugares onde são esperadas”. Encontros com quem quisesse fazer uma pausa, receber uma mensagem, ouvir um cântico, cantar, falar da experiência do seu caminho, ficar em silêncio, dar um abraço. Ou simplesmente dizer não, e seguir. Aconteceu no dia 18 de junho e fomos surpreendidas com olhares honestos em que cada um de nós aprendeu sobre si, coletivamente.

O encontro com quem sentiu viver um momento com Affectum aconteceu no agora, no coração de pessoas que confiaram que “sempre existe no mundo uma pessoa que espera a outra. E quando essas pessoas se encontram e os seus olhos se cruzam, todo o passado e todo o futuro perdem qualquer importância e só existe aquele momento”. Quem faz O caminho à procura de si na tentativa de se conhecer melhor, aprende que é no encontro com o outro, e só neste encontro, que se pode conhecer de verdade. E que nada melhor do que tempestades, mudanças, acontecimentos imprevistos e o medo para perceber que o fantástico da travessia do autoconhecimento é que só tem ponto de partida, nunca de chegada. Na verdade, mais do que para onde vais, importa como e para que vais.

Não existe mapa que possa guiar a vida, mas há sinais por todo o lado, a todo o momento. O importante é estar atento, caminhar desperto para poder ver os sinais que sempre se apresentem como guia, pois em cada amanhecer temos à disposição possibilidades infinitas de encontros, que trazem em si muitas oportunidades. Só temos que estar atentos.

Viver O Caminho é abrir espaço ao amor, é reconhecer o quão bom e importante já somos e temos na vida. E dar espaço ao amor é abrir o coração. É expandir o horizonte e abraçar o desconhecido que a vida sempre nos reserva.

Viver O caminho é receber amor, o maior reconhecimento do que somos. Porque é aqui, e só aqui, neste encontro com o outro, que a grande descoberta de nós acontece.

Viver O caminho é escolher o amor, e escolher o amor é persistir e permanecer na esperança. É encontrarmos os recursos internos necessários para vermos o mundo com um olhar mais generoso. O nosso mundo e o dos outros.

Viver O caminho é reconhecer que a humanidade é um espaço coletivo, e nunca um espaço isolado ou individual. Por isso, em setembro o Affectum voltará a abrir as portas n´O Caminho, onde a vida acontece no sentir, na ação, na poesia e na beleza das pequenas coisas.