Fernando Freitas é médico, com especialização em Gastrocirurgia. Decidiu ir mais além para compreender e explicar os mistérios das dinâmicas doentias que percebia nos doentes. Com a missão de descobrir o mecanismo por detrás das doenças, ingressou no universo da Psicossomática, da Psicoterapia Corporal Neorreichiana, da Neurociência, da Física Quântica, do Coaching, da Consultoria Organizacional e das Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais.
Esteve em Braga no Affectum, e foi entrevistado pela REVISTA SIM (pode ler aqui a entrevista)
O especialista brasileiro esteve no Affectum, em Braga, onde exemplificou a técnica que desenvolveu para ajudar pessoas com problemas na vida pessoal, nomeadamente, doença. Para o gastro cirurgião Fernando Freitas, é importante perceber a origem real do problema, para trabalhar toda parte emocional do ser humano, acrescentando que a origem desses mesmos problemas está em traumas mal resolvidos na infância.
Quem é o Dr. Fernando Freitas?
Eu sou gastro cirurgião de formação e sempre tentei perceber o que é que ajudava os meus pacientes no processo de cura. Sempre tive muita curiosidade sobre a influência que o mundo emocional tem sobre a doença, porque me deparei ao longo da vida com doenças como gastrite nervosa, colite nervosa… muitas ‘ite’ nervosas. Então, eu perguntava-me qual a origem disso. Para estudar a fundo, acabei por entrar no campo da Psicossomática, que estuda a influência emocional sobre as doenças. Eu sigo muito um autor chamado Georg Groddeck que diz: “Toda a somatização, ou seja, a doença no corpo, tem por detrás um conflito emocional infantil não resolvido”. E eu questionei-me, como médico, o que teria a ver um conflito emocional com uma doença? Hoje isso é óbvio para mim. Na dinâmica infantil aprendemos tudo: o que é o amor, a felicidade, o dinheiro, o relacionamento, o casal, a família. É como criar um software.
E esse software influencia o hardware, o corpo?
Sem dúvida. Uma parte é genética, a outa é resultado do meio. Imagine dois gémeos adotados por duas famílias, uma de obesos e outra de atletas: o que vai acontecer aos gémeos idênticos? O meio altera as pessoas, na respiração, na postura, no desenvolvimento físico, na forma até como reage a determinados problemas. E os problemas que aparecem são resultado de um trauma.
Mas nem todas as pessoas têm traumas.
Toda a gente tem um trauma. A vida é traumática.
Mas há pessoas que são gerem melhor esses momentos.
Sim, é verdade. Imagine que eu fui atropelado em criança: pode existir uma postura de criar segurança por parte da família; ou de culpabilização, de dizer à criança que a culpa era dela, que deveria ter mais cuidado. Daqui a pouco, há medo da estrada, do movimento, de andar de carro, e daí para a culpabilização por tudo o que de mal acontece.
E como trabalha a resolução desse trauma de infância?
Em primeiro lugar, deve haver consciência do problema, seja no casamento, no trabalho, na vida sexual. No fundo, esses problemas servem para esconder ‘o’ problema. O meu trabalho é fazer com que as pessoas cheguem lá, à causa principal que gera todos os outros problemas – que não são problemas, mas sintomas que camuflam tudo o resto.
Qual a técnica para fazer com que a pessoa chegue lá?
Tenho três técnicas. A primeira, a linguagem corporal. O corpo não mente. A forma como respondemos a uma pergunta dá uma série de informações corporais, mesmo que não haja uma resposta verbal. Aliás, a nossa linguagem verbal poderá camuflar as verdadeiras respostas. A segunda, a definição da origem da doença. E por fim, a análise sistémica. Neste passo, pergunto onde é que a pessoa se coloca em relação à família, ao trabalho, à doença… E, de acordo com esse posicionamento, eu avalio de que forma poderemos trabalhar. Chegados aqui, utilizo uma série de recursos para permitir à pessoa chegar à raiz do problema. As pessoas gostam muito de usar a palavra culpa: se a culpa é do pai, se é da mãe, se da família… Eu não trabalho com culpa, isso não serve para nada. Eu avalio o que cada um tem para dizer, não procurar culpados.
Como correu a sessão no Affectum?
Há algumas coisas que não percebemos na teoria, mas que são mais fáceis de descobrir na prática: procuramos o problema, com um diagnóstico rápido e preciso. Depois, trabalhamos algumas técnicas para ir à raiz do problema. Penso que foi uma sessão muito produtiva.
Fernando Freitas esteve também presente no episodio 8 do Affectum Talks (podes ouvir no Spotify)
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