O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contacto de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação.
Carl Jung
Alguma vez lhe aconteceu lembrar-se de alguém que não vê há muito tempo e, nesse dia, ou no dia seguinte, essa pessoa aparece, telefona ou envia uma mensagem? Alguma vez tocou o telefone e pensou ser determinada pessoa, atendeu e confirmou ser quem pressentiu? Certamente que sim, e por isto ser tão vulgar os cientistas estudam este fenómeno a que chamam telepatia ou transmissão de pensamento nos tempos mais recentes. Rupert Sheldrake fez um estudo com 63 pessoas, que consistia em receber chamadas telefónicas de quatro pessoas possíveis. Quem recebia as chamadas escolhia previamente essas pessoas, desconhecendo qual delas lhe ligaria. A ideia era adivinharem, antes de atenderem o telefone, quem estava a ligar. Os resultados surpreenderam ao ultrapassarem em grande escala a probabilidade de acertarem (25%, 1 em 4), atingindo os 43%. No mesmo sentido investigaram, entre muitos outros, Howard Eisenberg, Storm, Tressoldi e Di Risio, e Broughton & Alexander, tendo todos concluído que quanto maior for a ligação existente entre as pessoas em causa, maior é a capacidade de adivinhação, realçando, assim, a profunda conexão entre as pessoas como um facilitador de transmissão de pensamento. Rupert Sheldrake tem vindo também a fazer esta investigação entre humanos e animais, sendo impressionantes os resultados das experiências feitas com cães e os seus donos. Com ele ficou demonstrado que em 80% das situações o cão antecipa o regresso do seu dono a casa, sendo estatisticamente significativo o número de vezes que o animal se aproxima da entrada da casa para o receber. Esta capacidade de transmissão de pensamento entre humanos e entre humanos e animais é interpretada como telepatia, sendo cada vez mais rigorosos, conclusivos e cientificamente aceites estes estudos.
Este biólogo e cientista, Rupert Sheldrake, também tem dedicado os seus estudos aos campos morfogenéticos (ou mórficos), defendendo-os como um campo não físico que carrega informação para além do espaço e do tempo e exerce influência sobre vários sistemas, como se de uma memória coletiva de tratasse. Esta teoria, juntamente com as Leis do Amor identificadas por Bert Hellinger e o legado de Carl Jung no que respeita ao inconsciente coletivo, são a base das constelações familiares, método utilizado em vários países do mundo. As constelações familiares resultam da integração das terapias sistémicas e transgeracionais, e são usadas na medicina, psicologia, pedagogia, justiça, organizações, e outras áreas, sendo um método desenvolvido inicialmente por médicos, filósofos, psicólogos, pedagogos, como o psiquiatra da Universidade Heidelberg, Gunthard Weber, Hunter Beaumont, Jakob Schneider, Mathias Vargas, Jakob Stan, entre outros. Este método fenomenológico permite-nos aceder a informação inconsciente que revelará a origem de determinada situação (familiar, organizacional, individual e apresentará a solução para o desbloqueio que se pretende, sempre em harmonia e equilíbrio com o todo. Por amor ao todo.
Por outro lado, a capacidade do ser humano interferir através do pensamento, positiva e negativamente, no seu corpo físico e também no de outros seres vivos resulta amplamente estudada, sendo inclusivamente reconhecida em vários hospitais por todo o mundo como modo de cura e auxílio na doença. Exemplos disto são alguns métodos de cura de transmissão e energia, como o toque terapêutico (entre eles o Johrei, Qigong e Reiki) e a oração por intercessão. O toque terapêutico é uma técnica de imposição de mãos que procura o reequilíbrio e harmonização do sistema energético do ser humano. Quem o faz acredita que o corpo humano faz parte de um sistema dinâmico de energia onde interagem os quatro elementos que o compõem: físico, mental, emocional e espiritual. A confiança plena de quem se entrega a este método, juntamente com a sensibilidade e intenção projetada pelo terapeuta, permitem restaurar o equilíbrio energético do cliente, regenerando o fluxo da energia com o movimento da imposição das mãos, resolvendo desequilíbrios e obstruções do campo energético. De todos, o mais conhecido em Portugal e já praticado em hospitais públicos e privados é o Reiki, que significa energia vital e pressupõe que tudo no universo, sem exceção, é energia que flui em nós e à nossa volta, tal como anunciou Albert Einstein, “Tudo é energia”! Sobre esta prática e seus resultados extraordinários na cura e tratamento de doenças em Portugal têm sido feitos vários estudos nos últimos anos, encontrando-se já publicados alguns realizados por unidades de saúde (Alarcão & Fonseca, 2016; Ramos, 2016).
Também a meditação e outras técnicas de relaxamento têm vindo a ser cientificamente observadas em todo o mundo, sendo reconhecida a lista dos benefícios para a saúde e bem-estar de quem as pratica, nomeadamente na diminuição do stress e insónia, no tratamento da depressão, aumentando a atividade do córtex pré-frontal e do hipocampo, estimulando a amígdala cerebral (que regula as emoções).
De tudo resulta a importância do amor, próprio e ao outro, e do vínculo entre as partes no resultado do fenómeno em causa. Quer na transmissão e pensamentos entre humanos e também com animais, quer na relação de cliente e terapeuta, a relação existente parece tão determinante para o bom resultado quanto a vontade e disponibilidade da pessoa em assumir a sua parte de responsabilidade no processo, fazendo o necessário no que respeita às causas da situação em que se encontra. Só assim tomará consciência da força e do poder que tem.
A contínua evolução do ser humano na terra parece estar agora, de uma forma transversal, a abrir as portas do crescimento interior ou espiritual, em termos individuais e coletivos, o que poderá ficar para a história como o momento da grande revolução espiritual. Depois da evolução biológica e tecnológica, tudo indica que é tempo de responder com amor a todos os desafios, internos e externos. É tempo de acreditar no invisível e vivê-lo como parte da realidade. É isto que nos diz a evolução científica das neurociências e parapsicologia dos últimos cem anos. É verdade que muito caminho há ainda por fazer, mas afigura-se incontornável este caminho em que ve(re)mos o Amor e a Ciência de mãos dadas.
“Quando amar, de facto, todas as partículas do todo, estará profundamente integrado nele. Será apenas Amor. Será, real e definitivamente, uma partícula de Amor Universal”, como diz Luís Portela. Em nome da humanidade, que assim seja!
“O amor é terapia! No mundo não há nenhum outro tratamento senão o Amor. É sempre o Amor que cura. Porque o Amor faz de ti inteiro.” Bert Hellinger
Artigo publicado na Revista SIM n.º 277 | dezembro 2022
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