“O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contacto de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação” Carl Jung

A jornada da vida é surpreendente e muitas vezes leva-nos por caminhos inesperados, sendo a dor da perda e o fim de um relacionamento amoroso um dos maiores desafios que podemos enfrentar.

Quando duas almas que compartilharam momentos preciosos, sonhos e compromissos se separam, as emoções podem parecer esmagadoras e a dor insuportável. No entanto, é importante lembrar que é nas circunstâncias mais difíceis e desafiantes que está a possibilidade de cura, de crescimento e renovação.

O divorcio e/ou separação pode ser uma grande oportunidade de resinificar muitas das nossas dores, reconhecer padrões que trazemos do passado e honrar os que por nós passaram, libertando-os e libertando-nos. Abrindo caminho para uma vida mais plena, alinhada com a nossa essência e de acordo com o nosso propósito terreno. Uma oportunidade de sermos mais felizes.

A Aceitação e Permissão para Sentir são um passo muito importante neste novo caminho. O processo de ultrapassar a dor da perda começa com a aceitação da realidade. É natural sentir inúmeras emoções intensas, como tristeza, raiva, confusão e até mesmo alívio. É fundamental permitir sentir essas emoções, em vez de reprimi-las. A negação ou a tentativa de ignorar o que estamos a passar pode prolongar o processo de cura.

A Compreensão e o Autoconhecimento podem ser também um caminho para a libertação da dor. À medida que enfrentamos a dor da perda e o fim de um casamento, espreita uma oportunidade de compreensão e tomada de consciência, não só da realidade que nos envolve, mas também de nós mesmos e da forma como nos relacionamos, o que faz parte do caminho (sem volta) do autoconhecimento.

É através do autoconhecimento que podemos reconstruir a nossa Identidade e a nossa autoestima, já que o fim de um casamento está muitas vezes associado a uma perda de identidade. Isto porque, acontece muitas vezes nos relacionamentos nos fundirmos tanto com a outra pessoa que a nossa própria individualidade se perde. Mais ainda se tivermos em consideração que o casamento ou um relacionamento amoroso vai muito além da união física, sendo também uma união espiritual e energética.

As ligações de alma são frequentemente vistas como conexões espirituais poderosas que transcendem o tempo e o espaço. E as almas de duas pessoas podem ser reconhecidas e desenvolver um nível muito profundo e intenso de conexão, como se fossem almas gêmeas ou companheiros de alma.

Essa conexão profunda pode criar uma sensação de familiaridade, conforto e compreensão mútua entre os parceiros, o que pode tornar-se desafiador, considerando que nem todas as conexões de alma levam a relacionamentos duradouros e felizes. Assim, à medida que os casais enfrentam conflitos e desafios na relação, a intensidade dessa conexão espiritual pode tornar a separação mais difícil.

É aqui que o conceito de “divórcio energético” se torna relevante. A mente pode compreender a lógica da separação, mas o coração, muitas vezes, insiste em continuar ligado ao passado. É como se houvesse um fio invisível que nos mantém conectados à pessoa que amámos, tornando difícil seguir em frente. Mesmo que se saiba que a relação chegou ao fim por razões válidas, o desejo de reverter a situação, de fazer as coisas voltarem a ser como antes, pode ser avassalador.

Desligar-se de um grande amor também pode envolver desapegar-se de planos futuros compartilhados. Os sonhos e projetos que foram imaginados juntos, agora mostram-se incertos e distantes. A vida pode parecer confusa e desorientada, como se tivesse perdido o seu rumo.

Como disse Carl Jung, No entrelaçar de destinos, dois corações unem-se, teceu-se um laço profundo e o amor floresceu. Mas na teia da vida, os rumos podem mudar, E o que um dia foi eterno, agora precisa de se libertar.” E é aqui que surge o divórcio energético para ajudar a libertar a energia emocional e espiritual que foi partilhada por duas pessoas durante o relacionamento, potenciando a dissolução de laços emocionais e o corte dos vínculos espirituais que se formaram ao longo do tempo.

É uma jornada de desapego, cura e liberação, que permite que as partes encontrem a paz interior necessária para poderem seguir em frente com as suas (novas) vidas.

Este é o momento para redescobrir quem somos como indivíduo, reconstruindo a nossa identidade, fortalecendo a autoestima e a confiança, para seguir a vida de forma livre e plena de significado.

O divórcio não é um fim, mas um ponto de partida. É um lugar onde duas almas se despedem no encontro com uma verdade mais profunda.