LIVE BETTER, LONGER
Sabes quais são os lugares do mundo em que as pessoas vivem mais tempo, mais felizes e mais saudáveis? Onde o número de pessoas com mais de 100 anos é 10 vezes superior à mádia mundial? São cinco regiões do planeta conhecidas por Blue Zones e ficam à distância de uns voos. Aproveita as férias e permite-te sentir a vida em Loma Linda, na Califórnia, na Sardenha, em Itália, na Ilha de Okinawa, no Japão, em Ikaria, na Grécia e em Nocoya, na Costa Rica. São pessoas e lugares inspiradores que comprovam os estudos mais recentes: apenas 20% de nossa longevidade é determinada pela genética, 10% pela tecnologia médica e tudo o mais depende do nosso estilo de vida e do ambiente em que vivemos. O que equivale a dizer que vivermos mais e melhor depende mais de nós do que imaginamos.
Ao longo de cinco anos e 27 viagens pelas Blue Zones, Dan Buettner descobriu que o segredo para essa longevidade feliz e saudável não depende apenas da dieta e da componente genética, estando muito mais associado ao facto de estas pessoas viverem sem esforço, em comunidade, com a alegria das pequenas tarefas do dia a dia, da partilha, exercitando-se naturalmente ao fazerem o pão, plantando e jardinando, movimentando-se nas suas deslocações pelas vilas ao longo do dia, a pé, de bicicleta ou moto. “Não sei porque vivi tanto, acho que apenas me esqueci de morrer”, diz um dos seus habitantes que simplesmente se mantém sempre ativo, sem qualquer tipo de esforço, estimulando o corpo, a mente e o espírito, aceitando a vida tal como é e sentindo plenamente a vida que chega como oportunidade em cada manhã, num estado consciente de atenção plena.
As meditações fazem parte da rotina, assim como o bom sono, comem devagar e não dispensam o prazer de um bom copo de vinho na companhia de alguém querido. O sentido que encontram nas pequenas coisas da vida, uma espécie de fé (religiosa e/ou espiritual), a família como prioridade e um grupo de amigos a reforçar e apoiar hábitos, tarefas e rituais, são a base de uma vida em que a partilha e o sentimento de pertença são a verdadeira alma em ação num propósito maior. A conexão entre todos os que vivem em estado de presença e não estão sós. Porque se olham, se vêm e se sentem vistos. Como disse Pablo Picasso, “O sentido da vida é encontrar o teu dom. O propósito da vida é compartilhá-lo.”
A questão que se coloca é, como podemos viver mais e melhor?
Das várias expedições que este grupo de investigadores fez nestas regiões que registam estatisticamente as pessoas que mais e melhor vivem no planeta, ultrapassando a marca dos 100 anos de idade, resultou um estudo que reúne os fatores que estão na origem desta longevidade feliz e tão fora do comum. São os chamados “Power 9”, os hábitos de quem tem como lema de vida, Live better, longer, e que todos nós podemos escolher para a nossa vida.
- O sentido da vida
Em Okinawa chamam-lhe “ikigai” e em Nocoya “plano de vida”, o que equivale a sabermos o “para quê” acordamos todas as manhãs. Quando sabemos quem somos, quais os nossos valores, o que gostamos de fazer e conhecemos as nossas habilidades e competências, fica muito mais claro o sentido que damos à vida, e, por sua vez, fica mais fácil encontrar o nosso lugar na tribo. Há uma espécie de felicidade intrínseca em quem vive em nome de algo mais e maior do que si próprio, ao serviço da família e da comunidade.
- Movimento
Em todas estas comunidades as pessoas praticam diariamente atividade física de baixa intensidade, o que quer dizer que não correm maratonas nem frequentam ginásios. Mas antes vivem em ambientes que os incitam constantemente a mexerem-se sem pensar nisso. Cultivam hortas e não dispõem de comodidades mecânicas para as tarefas domésticas e de jardinagem, e deslocando-se entre as vilas a pé, de bicicleta ou de moto. O sedentarismo aqui não lhes assiste.
- Saber parar
Até as pessoas que vivem nas Blue Zones sofrem de stress. A diferença nestas comunidades é a capacidade que as pessoas têm de saber reduzir a velocidade dos dias e parar, o que lhes permite viverem menos freneticamente. Rotinas como uma sesta depois do almoço, uma happy hour, momentos para recordar e honrar os antepassados, comerem devagar, são comuns nestas pessoas que escolhem viver mais e melhor.
- A regra dos 80%
Tanto quanto os próprios alimentos, importa a quantidade do que ingerimos. Nestas comunidades as pessoas têm por hábito terminar a refeição sentindo que poderiam comer ainda mais, evitando o excesso que, para além de prejudicar a saúde, afeta também a parte cognitiva. “Hara hachi bu“, o mantra confucionista de Okinawa, com 2500 anos de idade, dito antes das refeições, lembra-lhes que devem parar de comer quando o estômago estiver 80% cheio. O intervalo de 20% entre não ter fome e sentir-se cheio pode ser a diferença entre perder ou ganhar peso.
- O primado dos vegetais
95% da alimentação destas pessoas vem das frutas, vegetais, legumes, oleaginosas, sementes e cereais. Os feijões, a fava, a soja e as lentilhas, são a pedra angular da maioria das dietas dos centenários. A carne, especialmente de porco, é consumida, em média, apenas cinco vezes por mês.
- Um copo de vinho com os amigos
As pessoas das Blue Zones têm por hábito o consumo moderado e regular de álcool. Quem bebe moderadamente vive mais do que quem não bebe. O truque é beber 1-2 copos por dia, de preferência vinho Cannonau da Sardenha, com amigos e/ou com comida.
- Pertencimento
O sentimento de pertencimento é transversal a todas estas comunidades. Pertencer a uma família, a uma comunidade, a um grupo de trabalho ou de algo com que se identifiquem, a uma religião ou grupo espiritual, é estrutural para estas pessoas que vivem mais e melhor cumprindo-se na relação com o outro.
- Amar os seus
Os centenários das Blue Zones têm na família a sua prioridade, mantendo os pais e avós idosos por perto ou em casa, cuidando da relação de casal e dedicando tempo e amor aos filhos.
- A tribo certa
As pessoas mais felizes do mundo escolhem círculos sociais que apoiam comportamentos saudáveis. Os Okinawanos criaram os “moais“, grupos de cinco amigos que se comprometem uns com os outros para toda a vida. Comportamento saudável gera comportamento saudável, numa espécie de contágio social.
É extraordinário saber que tudo isto está ao alcance de cada um e que, sim, é possível viver mais e melhor! Hoje são cinco lugares no mundo, quiçá um dia seja todo o planeta uma Blue Zone. É uma questão de amor. De amor próprio e de amor pelo outro. Se é verdade que a consciência se expande pelo amor, “o nosso trabalho enquanto seres humanos é despertar o amor, em todos e em todos os lugares” (Sri Prem Baba).
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