Em constante movimento e construção, Celene Thaumaturgo revela-nos a sua alma curiosa, a sua história e o toque especial que dedica a quem a procura nos vários processos de cura. Criadora do método da Cinesiologia Quântica, facilitadora de Constelações Sistémicas, coach e palestrante, encontra na criatividade a força motivacional que dedica aos processos de harmonização emocional, cura e mudanças de paradigma. É membro dos Institutos Three In One Concepts e NOT – Neural Organization Technique, Topping International Institute, nos EUA, e participa mundialmente em vários programas de técnicas de mente-corpo, tais como TFT (Thought Field Therapy), Terapia do Campo do Pensamento e Reiki. Esta mulher inspiradora, autora dos livros “Livro das Invocações”, “Qual é o Caminho”, “Invocações para transformar a sua Vida” e “Dinâmicas Ocultas”, estará presente no Affectum para um curso incrível em data a anunciar brevemente.

Quem é a Celene Thaumaturgo?

Bem, é muito difícil falar quem sou, uma vez que ainda não estou acabada, sempre acho que somos um ser em construção, por acabar e muito a aprender.

Mas posso falar um pouco sobre as minhas construções na tentativa de ser. Curiosa, desde sempre como uma boa geminiana, com o gosto em estudar e saber mais, tive muitas formações extracurriculares sempre em áreas humanas. 

Na minha bagagem ancestral, tenho português, índio, árabe e francês. Que eu saiba,  a minha avó paterna era filha de fazendeiros e sempre gostou de mexer com ervas e fazia umas tinturas para passar nos machucados quando era criança e eu gostava de ajudá-la. A minha avó materna era enfermeira e estava sempre a ajudar as pessoas. Acho que me entusiasmei. E quatro anos depois da minha mãe falecer, quando eu tinha 16 anos, passei por uma cirurgia muito séria em que quase morri e passei um mês internada, o que me fez conhecer muitas pessoas e muitas situações difíceis; acho que alguma luz se acendeu pela vontade de ajudar.

Fui casada 28 anos e tive dois filhos, e meu filho deu-me um casal de netos.

Hoje sou uma mulher independente, que está sempre em busca de algo novo para aprender e compartilhar.

Do marketing e publicidade para a terapia sistêmica. Conta-nos como aconteceu e o que motivou esta transição de carreira.

Formei-me em comunicação social, porque já trabalhava em agência de publicidade e durante um bom tempo fiquei nesta área de propaganda, marketing e relações públicas.

Mas, sempre tive um gosto pela natureza humana, de uma forma mais profunda e não me agradava muitas vezes ter que trabalhar sem o devido respeito e valor das coisas. Eu não conseguia mais trabalhar daquela forma. Neste meio tempo já estava envolvida também com a cinesiologia.

Acho que em toda a atividade profissional que se escolhe, em primeiro lugar deve estar em coerência com teus princípios éticos. Em segundo lugar, escolhes a tua profissão pelo prazer e alegria naquilo que fazes. Então aí poderás ser um bom profissional. Porque assim não estarás a trabalhar e será uma alegria saber mais e estudar mais sobre a técnica que escolheste para seguir a tua profissão.

O que é e como chegou a Cinesiologia Quântica à tua vida?

Quando trabalhava naquela agência com todo o stress que passava por fazer coisas que era obrigada pela empresa, desenvolvi uma hernia de hiato e fui parar a um terapeuta de cinesiologia especializada, e a partir daí tudo mudou para mim. Passei para a macrobiótica, que era um tipo de alimentação natural, parei de comer carne bovina e suína, já não gostava mesmo. Desde então não como mamíferos.

Estávamos em 1987. Quando tudo isto aconteceu e soube que o curso de Cinesiologia Especializada de uma escola americana vinha da Califonia para o Brasil, não hesitei! Depois de passar por uma sessão de cinesiologia em que me encantei com a técnica que conversava com o corpo e me trazia soluções rápidas de uma forma simples e com total respeito pelo meu corpo, de uma forma que nunca pude imaginar que pudesse existir, incrível.

Rapidamente fiz os cursos e comecei a atuar desde 1989 com a cinesiologia especializada e fui instrutora da Escola Thre in one Concepts durante muito tempo.

Como pode a Cinesiologia Quântica ajudar o ser humano? Podes contar-nos uma história real?

Depois de trabalhar muitos anos com a cinesiologia especializada já tinha desenvolvido outras tantas habilidades, muito além da concepção da escola américana, pois procurava no corpo do cliente a causa do problema, ancestral e outras. Os meus alunos pediam-me para ensinar o que eu fazia, porque era diferente do que a escola americana ensinava. Foi quando em 2010 decidi criar a minha própria escola que é Cinesiologia Quântica e me desligar da escola americana. Afinal eu não estava a ser coerente, ensinava uma coisa e já fazia outra.

A Cinesiologia Quântica utiliza o teste muscular como um instrumento para aceder à fonte infinita e inesgotável de vida, a sabedoria que permeia tudo e todos.  O que eu chamo de consciência inata.

E a teoria quântica apresenta-nos novas bases para a realidade, onde o observador não é mais um mero figurante do universo cartesiano, mas interfere diretamente no fenômeno observado. Pois é a partir daí que ele observa várias possibilidades de escolhas, nunca percebidas anteriormente.

A consciência da pessoa que observa as conexões e interações da sua questão, durante a sessão, pode modificar os seus comportamentos e sistemas.

Quando modificamos o nosso olhar para realidade, alteramos a nossa consciência, e somos capazes de dar o salto quântico nas nossas vidas.

Eu vi isso acontecer o tempo todo, nestes mais de 30 anos de atendimento.

Um caso que foi muito rico na minha vida foi uma criança autista que chegou aos 4 anos de idade. Ela não se mexia, mal andava e não falava. Mas, até os 2 anos ela falava.

A primeira sincronicidade foi a mãe que era hospedeira aérea e servia a bordo, ouviu duas passageiras a falar a respeito do meu trabalho, tendo-lhes pedido gentilmente o meu telefone. Levou a sua filhinha durante 12 (doze) meses uma vez por mês para a sessão de cinesiologia. Ela chegava ao consultório e ficava sentada do jeitinho que a mãe a colocava e o seu rosto levemente inclinado para cima. Era uma criança linda, com o cabelo preto e bem lisinho. Sempre que ela chegava eu brincava com ela, chegava bem perto e fazia um beijinho de esquimó, nariz com nariz e dizia-lhe “a tia ama-te!”.

Eu atendia-a através dos braços do pai, avó ou mãe. Fazia uma transferência e testava-a pelos braços do familiar que a levasse, hoje eu atendo online desta forma, transfiro o campo para o meu braço e atendo a pessoa do outro lado do mundo.

Sempre que ela chegava, eu cumprimentava-a da mesma forma. Até que aos poucos ela já andava pela sala, já abria a gaveta, já sabia onde eu colocava os lápis de cor e papel. Já conseguia falar um pouco sobre as coisas. Começou a formar frases. Nos três últimos meses eu já não brincava mais de beijinho de esquimó com ela.

Ela foi acordando pouco a pouco. Até que na última sessão que o seu corpo havia pedido, eu estava a usaa o braço de sua mãe, ela deu a volta, sentou-se no meu colo, colocou os braços ao redor do meu pescoço, olhou nos meus olhos, fez o beijinho de esquimó e disse-me “eu amo-te tanto…”. Bem, as lagrimas rolam-me até hoje quando eu conto esta história. Naquele momento eu pude perceber o quanto a alma está presente todo o tempo, e o quanto ela é grata por tu a estares a ajudar a evoluir.

Mais tarde chegaram as constelações familiares. Como se deu este encontro?

Quando o Bert Hellinger em 98 veio ao Brasil pela primeira vez eu, fui assistir o seu trabalho.

Quando o vi a trabalhar, falei para mim mesma: mas, ele coloca as pessoas a representar o que eu já faço há anos perguntando no braço, fiquei encantada! Ali decidi fazer a formação, estavam a fazer a primeira formação no mundo que foi a que aconteceu em 2000 aqui no Brasil.

E não parei mais, acompanhei o Bert o tempo todo e fiz várias outras formações com muitos mestres. Inclusive, sou docente da primeira pós-graduação que houve no Brasil, em Brasília, também fiz questão de pagar e fazer a pós-graduação como aluna para fazer a certificação.

Em que medida estas duas abordagens estão interligadas?

Isso é muito interessante, porque as duas têm a mesma linguagem, observar o campo sistêmico, perceber as mudanças que acontecem no espaço a partir de novas compreensões e percepções. O respeito pela linguagem do corpo é o mesmo que temos pela linguagem dentro do campo sistêmico. A prioridade sempre vem à tona para nos mostrar o que é necessário, não existe achismo de terapeuta e sim um respeito pela linguagem sistêmica que está à tua frente. E na constelação o olhar para o fenômeno é o que representa a prioridade do sistema.

Através da linguagem do corpo, ele oferece-nos de forma assertiva uma gama de correções para os registos equivocados que ficaram marcados a nível celular e que deixaram de alguma forma sequelas em alguma área do corpo físico, emocional, mental ou espiritual.

Da mesma forma que a constelação sistêmica nos mostra as prioridades do campo trazendo de forma precisa as mudanças necessárias onde o sistema se vai reorganizando e nos leva até onde tudo começou, assim também na cinesiologia quântica vamos até a idade da causa. E o objetivo das duas é olhar no momento da causa o que aconteceu e que está a reverberar até hoje. Na constelação as consciências do passado têm a oportunidade de rever a situação e na cinesiologia quântica podes trabalhar todas as consciências que estão em ressonância em todos os seus campos sistêmicos e perguntar à sua consciência inata como corrigir. É fantástico.

A Celene é também pintora, escritora, escultora, palestrante e motivadora. O que representa para ti a criatividade?

Sempre gostei de artes e de escrever, fui muito incentivada pelos meus pais que eram muito habilidosos. Daí eu hoje ser pintora, escultora e escritora. Atualmente estou a aprender uma técnica nova que é aquarela.

A criatividade foi algo que sempre me encantou, a minha mãe, apesar de ter morrido quando eu tinha 12 anos, sempre me motivou com as habilidades manuais; com sete anos aprendi a bordar, todos os dias eu aprendia um ponto novo. A minha avó materna incentivou-me com a leitura, quando comecei a ler ganhei 17 volumes do Monteiro Lobato e li-os todos. Na minha época tínhamos na escola aulas de artes, canto, francês, latim, inglês e português. Tínhamos apresentação de teatro e dança.

O meu pai também tinha muita habilidade com pintura e belas escritas. Herdei muitas coisas boas daquela bela dupla maravilhosa.

Para mim a arte é experienciar e a criatividade é a possibilidade de explorar os meus próprios talentos e capacidades, é entrar em ressonância e chegar perto do criador.

A transformação é algo intrínseco do ser humano?

Com certeza, querendo ou não, o mundo muda e mudamos com ele automaticamente, podemos mudar para melhor ou pior, isso vai depender da nossa auto busca e autoconhecimento, quanto mais procuramos saber e estudar melhor.

Hoje o conhecimento está aberto para todos, existem as bibliotecas, os espaços culturais, a internet, só não mudas quando estás paralisada na tua própria prisão mental. E romper as barreiras é uma necessidade para as novas possibilidades e novas escolhas na vida. Afinal, a vida é evolução, evoluir significa conhecimento.

Abrir novas portas da consciência é ampliar os horizontes. Algumas pessoas sentem medo na mudança, mas a verade é que vais mudar de qualquer jeito, pelo que o melhor é ter o conhecimento para que possas fazer escolhas positivas e não te colocares à disposição do campo do medo que só vai atrair mais do mesmo. Aí, perdes o poder de escolha.

“Qual é o caminho” que vislumbras para a humanidade?

Constantemente, perguntamo-nos: “Quem sou eu?” “De onde vim?” “Para onde vou?” “Qual é o caminho?”. Por acaso “Qual é o Caminho“ é o titulo do meu segundo livro, um livro investigativo de autoconhecimento.

A todo o momento, no decorrer da existência humana, esses questionamentos vêm à tona. Eles tanto podem acarretar uma enorme angústia, quanto representar um passo importante para a evolução e o desenvolvimento pessoal.

Infelizmente hoje existem muitas separações de consciências, por causa dos sistemas de crenças e das paixões ideológicas.

Não consigo imaginar para onde caminha a humanidade, mas, com certeza a minha parte eu tento fazer. Há mais de 30 (trinta) anos que tenho essa consciência, e que acredito que dentro de cada um de nós há uma centelha divina, de bondade, verdade e amor e enquanto eu existir farei a minha parte para levar a cada um o seu poder de escolha essencial.

É preciso que cada um possa ver o seu melhor. Para que possa saber de verdade qual é o seu melhor caminho, onde ele possa fazer a sua escolha de forma totalmente independente e responsável.

Afinal, estamos aqui a serviço da evolução de nossa alma, pois só o conhecimento é que pode trazer o sentido para a nossa vida.

E esse é um caminho solo.