“A lealdade aos antepassados, que se tornou inconsciente ou invisível (lealdade invisível)
governa-nos: é importante torná-la visível, tomar consciência dela, entender o que nos
obriga, o que nos governa e, perceber se eventualmente, não devemos ressignificar essa
lealdade, para nos tornarmos livres para viver as nossas vidas novamente.”
Anne Ancelin Schützenberger
A compreensão da influência do passado na vida que acontece no presente tem sido um tema de interesse crescente na psicologia, e deu origem a um novo ramo da ciência, a psicogenealogia, que se dedica ao estudo das questões familiares que atravessam gerações, as chamadas heranças ocultas. O que cientificamente já se percebeu é que a repetição transgeracional de padrões psicológicos que determina muitas vezes a nossa vida vai além da transmissão genética.
A psicogenealogia, desenvolvida por Anne Ancelin Schützenberger (psicócologa, psicoterapeuta e professora universitária), baseia-se na ideia de que as experiências, os traumas e segredos não resolvidos das gerações passadas podem ser transmitidos através das gerações, influenciando o comportamento, os relacionamentos e a saúde mental dos descendentes. São como “batatas quentes”, dizia, que passam de mão em mão, queimando-as todas. Esta abordagem reconhece que as famílias carregam uma “herança invisível” que passa de geração em geração, herança esta que molda a identidade e o destino de cada um até ser trazida à consciência. Na verdade, não herdamos apenas os traços físicos dos nossos antepassados; herdamos também um conteúdo emocional e psíquico que faz parte do inconsciente familiar.
“Os segredos de família, as identificações inconscientes e as lealdades familiares invisíveis pairam sobre os filhos e descendentes”.
O convite que esta terapia transgeracional faz é uma “viagem” à história familiar de modo a que se possam estabelecer pontos comuns com a vida presente, tornando consciente o que era inconsciente e, assim, ser possível nos libertarmos dos legados disfuncionais e difíceis que carregamos por lealdade. Para isto a psicogeneologia tem como principal ferramenta o genossociograma, uma poderosa árvore sensitiva que facilita a investigação das dinâmicas familiares e permite a consciencialização dos padrões que se repetem, de modo a que se possam ressignificar para trazermos leveza, liberdade e bem-estar à nossa vida.
Assim como uma árvore, a história familiar tem raízes profundas que sustentam o crescimento e o desenvolvimento das gerações que se seguem. Cada ramo representa um membro da família, e as conexões entre eles representam os laços emocionais e os padrões repetidos ao longo do tempo. Assim como na árvore, a história familiar mostra-nos que todos estamos profundamente ligados e que é a raíz que nos sustenta. Fazer a árvore sensitiva é viajar através da história familiar, representando graficamente os fenómenos importantes e as lealdades invisíveis que a compõem ao longo de várias gerações.
“O que não se exprime em palavras, imprime-se e exprime-se em dor.”
Ao criar uma árvore sensitiva, podemos visualizar e explorar as conexões entre os eventos do passado familiar e os desafios enfrentados no presente, o que permite identificar padrões recorrentes, entender conflitos não resolvidos e promover a cura emocional. É também na árvore sensitiva que podemos identificar e reconhecer os recursos e as forças transmitidas pelas gerações passadas, tudo o que precisamos para uma vida mais plena, com um maior enraizamento, promotor da confiança e força interna.
Na prática clínica da terapia transgeracional a árvore sensitiva é uma ferramenta muito valiosa porque está cheia de recursos que potenciam uma vida melhor e mais saudável. Ao explorar as questões relacionadas com a identidade, com os relacionamentos familiares, traumas históricos, saúde mental, segredos, entre outros, podemos integrar as histórias familiares no caminho do autoconhecimento e cura de cada um, e assim compreender as complexas interações entre o passado, o presente e o futuro. Quanto mais formos capazes de olhar para trás, mais longe conseguiremos ir.
Ao explorar as raízes familiares na árvore sensitiva vamos sentir que, tal como a árvore, não vivemos sem as raízes. E é precisamente nessas raízes que podemos encontrar as maiores revelações de nós próprios e das nossas relações, expandindo de forma singular o caminho para a transformação pessoal e o crescimento emocional.
É como desvendar um quebra-cabeças, onde cada peça revela uma parte da história que moldou a nossa vida. Revisitando as raízes, transformamos em consciência o que estava oculto, e assim honramos os nossos antepassados, na certeza de que escreveremos mais livremente os capítulos da nossa vida quanto melhor compreendermos a herança invisível que recebemos através dos nossos pais.
Artigo publicado na Revista SIM n.º 293 de abril de 2024

“A lealdade aos antepassados, que se tornou inconsciente ou invisível (lealdade invisível)
governa-nos: é importante torná-la visível, tomar consciência dela, entender o que nos
obriga, o que nos governa e, perceber se eventualmente, não devemos ressignificar essa
lealdade, para nos tornarmos livres para viver as nossas vidas novamente.”
Anne Ancelin Schützenberger
A compreensão da influência do passado na vida que acontece no presente tem sido um tema de interesse crescente na psicologia, e deu origem a um novo ramo da ciência, a psicogenealogia, que se dedica ao estudo das questões familiares que atravessam gerações, as chamadas heranças ocultas. O que cientificamente já se percebeu é que a repetição transgeracional de padrões psicológicos que determina muitas vezes a nossa vida vai além da transmissão genética.
A psicogenealogia, desenvolvida por Anne Ancelin Schützenberger (psicócologa, psicoterapeuta e professora universitária), baseia-se na ideia de que as experiências, os traumas e segredos não resolvidos das gerações passadas podem ser transmitidos através das gerações, influenciando o comportamento, os relacionamentos e a saúde mental dos descendentes. São como “batatas quentes”, dizia, que passam de mão em mão, queimando-as todas. Esta abordagem reconhece que as famílias carregam uma “herança invisível” que passa de geração em geração, herança esta que molda a identidade e o destino de cada um até ser trazida à consciência. Na verdade, não herdamos apenas os traços físicos dos nossos antepassados; herdamos também um conteúdo emocional e psíquico que faz parte do inconsciente familiar.
“Os segredos de família, as identificações inconscientes e as lealdades familiares invisíveis pairam sobre os filhos e descendentes”.
O convite que esta terapia transgeracional faz é uma “viagem” à história familiar de modo a que se possam estabelecer pontos comuns com a vida presente, tornando consciente o que era inconsciente e, assim, ser possível nos libertarmos dos legados disfuncionais e difíceis que carregamos por lealdade. Para isto a psicogeneologia tem como principal ferramenta o genossociograma, uma poderosa árvore sensitiva que facilita a investigação das dinâmicas familiares e permite a consciencialização dos padrões que se repetem, de modo a que se possam ressignificar para trazermos leveza, liberdade e bem-estar à nossa vida.
Assim como uma árvore, a história familiar tem raízes profundas que sustentam o crescimento e o desenvolvimento das gerações que se seguem. Cada ramo representa um membro da família, e as conexões entre eles representam os laços emocionais e os padrões repetidos ao longo do tempo. Assim como na árvore, a história familiar mostra-nos que todos estamos profundamente ligados e que é a raíz que nos sustenta. Fazer a árvore sensitiva é viajar através da história familiar, representando graficamente os fenómenos importantes e as lealdades invisíveis que a compõem ao longo de várias gerações.
“O que não se exprime em palavras, imprime-se e exprime-se em dor.”
Ao criar uma árvore sensitiva, podemos visualizar e explorar as conexões entre os eventos do passado familiar e os desafios enfrentados no presente, o que permite identificar padrões recorrentes, entender conflitos não resolvidos e promover a cura emocional. É também na árvore sensitiva que podemos identificar e reconhecer os recursos e as forças transmitidas pelas gerações passadas, tudo o que precisamos para uma vida mais plena, com um maior enraizamento, promotor da confiança e força interna.
Na prática clínica da terapia transgeracional a árvore sensitiva é uma ferramenta muito valiosa porque está cheia de recursos que potenciam uma vida melhor e mais saudável. Ao explorar as questões relacionadas com a identidade, com os relacionamentos familiares, traumas históricos, saúde mental, segredos, entre outros, podemos integrar as histórias familiares no caminho do autoconhecimento e cura de cada um, e assim compreender as complexas interações entre o passado, o presente e o futuro. Quanto mais formos capazes de olhar para trás, mais longe conseguiremos ir.
Ao explorar as raízes familiares na árvore sensitiva vamos sentir que, tal como a árvore, não vivemos sem as raízes. E é precisamente nessas raízes que podemos encontrar as maiores revelações de nós próprios e das nossas relações, expandindo de forma singular o caminho para a transformação pessoal e o crescimento emocional.
É como desvendar um quebra-cabeças, onde cada peça revela uma parte da história que moldou a nossa vida. Revisitando as raízes, transformamos em consciência o que estava oculto, e assim honramos os nossos antepassados, na certeza de que escreveremos mais livremente os capítulos da nossa vida quanto melhor compreendermos a herança invisível que recebemos através dos nossos pais.
Artigo publicado na Revista SIM n.º 293 de abril de 2024

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